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domingo, 27 de fevereiro de 2011

Mais um poema...

de vez em quando sinto saudades do beijo dela:
sempre que o Destino me parece vão, e as águas, escassas...

de vez em quando sinto saudades do cheiro dela:
sempre que as pessoas à minha volta não me preenchem, e por vezes até me sugam...

de vez em quando sinto saudades do gosto ácido do gozo dela:
sempre que a vida - ela sempre - me nega motivos para sorrir sem motivo...

e foi assim que descobri que o tempo é o próprio paradoxo: a eterna fusão de todos os objetos:
pois "sempre" e "de vez em quando" tornaram-se em mim a mesmíssima coisa...

domingo, 20 de fevereiro de 2011

EU A VI DE VERMELHO

era um código nosso...

eu a vi de vermelho, e de vermelho se tingiram todas as dores que me acompanhavam desde o início...
eu a vi de vermelho, e vermelhas ficaram as antigas interrogações que me dilaceravam...
eu a vi de vermelho, e vermelho se tornou o desgosto que a distância me impunha...
eu a vi de vermelho: deus, eu a vi de vermelho!... e entendi que se fez ouvir meu apelo,
e sendo ouvido, as grades de minha cela converteram-se em gesso,
e a liberdade de amar, sendo amado, varreu meu desterro.

eu a vi, amigo meu, banhada em vermelho.

sexta-feira, 18 de fevereiro de 2011

SAMBA PA TI

só sei querer-te, sem capa de chuva, sem sola de borracha, sem nada a me proteger;
só sei avançar, centímetro a centímetro, na direção de teu rosto,
só sei procurar, em cada vão e também em cada obstáculo, teu calor e teu gosto;
só sei adormecer, enquanto falo, enquanto faço, enquanto calo, na lembrança do bater de teu peito;

e de tudo isso que sei,
só fica, eterna sombra em meu pomar de olhares, de gestos, de nexos, de apertos e desesperos,
a doce mágoa de caminhar contigo, passo após passo,
no crime do Amor erótico - Amor inculto, Amor despótico,
unida à esperança de morrer em teu regaço.

domingo, 13 de fevereiro de 2011

O ALMOÇO

o almoço

a hora é calma, vazia,
mas a comida não é insossa;
lá fora estão esburacando a rua,
enquanto eu penso em mulheres nuas,
e como minha pêra doce,
antepasto excêntrico, como os dias
que preparam a morte...

estou só, e almoço,
numa cozinha tão despida de encantos,
e o instante a chamar-me à coerência,
a olhar somente à frente,
e esquecer passados prantos,
e superar os destroços
de minha indecifrável sorte...

mas este momento revela mais em si:
nele, materializa-se o inescapável,
a eterna lavra do quotidiano,
a religião sem nome do devir.

Aforismo

Quem só dá aos outros exatamente o que eles merecem jamais terá a alegria de trazer para o bem quem estava fora dele.

quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011

Poema

no começo,
AZAVSCABRUUUUMMMM
o Homem caiu da árvore,
e quebrou o pé.
depois, como se sabe,
mancou pelas cavernas,
desandou lascando pedra,
e escreveu robinson crusoé.
chegou a crise,
e o Homem contemplou a existência.
era jovem, romântico,
e babava brilhos de razão cofiante...
guerreou, guerreou:
estes pretos aqui são meus!
não, são meus!
até que lá pelas tantas,
entre tanques e pandas,
o Homem deu um longo suspiro,
fez cara de juízo,
e rumou para a flórida,
cumprir sonho de infância em conhecer a disneylândia.
(e no fim,
bem-que-se-quis,
mas nízia figueira,
porque bêbada,
foi a única feliz).

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Strani amori. Laura Pausini.

Pra começo de conversa: sim, eu gosto de Laura Pausini. É música romântica, ora bolas, e eu gosto de algumas músicas românticas, mesmo em Português (para citar duas: Detalhes, de Roberto e Erasmo, e Sozinho, do Peninha); pode ser que as letras (que eu entenderei um dia, pois pretendo estudar Italiano) não primem pela originalidade - é algo que eu ainda não sei, mas de que desconfio - mas as melodias me agradam muito. E na verdade...

Na verdade, amigo(a), o que me agradou imensamente, me deixou encantado, absolutamente encantado, foi o clipe de Strani amori, o da Warner, "oficial". Nele se vê uma Laura entregue, de corpo e alma, com tudo de que é capaz, alguém que só pode estar amando, e amando transbordantemente... Está tudo na expressão facial dela, no olhar, eu senti algo que não sei explicar bem, mas tenho certeza de que ali há toneladas de amor. E ela se expõe tanto, sem qualquer defesa, dando a esse clipe (que se não fosse por isso seria trivial) um caráter, por assim dizer, "mágico", algo que tem o poder de enternecer, de desarmar... Parabéns, Laura! Você realmente me tocou no fundo do coração!

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

O melhor contemporâneo

Dos escritores contemporâneos que já li (que, a bem da verdade, não foram muitos, pois leio mais os clássicos), o melhor é, sem sombra de dúvida, o israelense David Grossman. Seu texto prima pela delicadeza, pela sutileza penetrante, construída em detalhes psicológicos, que levam à configuração de personagens humaníssimas, complexas, apaixonantes. Numa palavra: genial.

O livro que li dele, o único, foi Desvario. Nele há duas novelas, uma de mesmo título, e outra chamada No corpo eu entendo. Belíssimas, as duas!...

Leiam, se puderem. Recomendo com veemência.

Agora é oficial!

Não falta mais nada: sou professor do quadro do Magistério do Estado de São Paulo. Acabei de assinar o termo de posse. Dá pra imaginar o que isso significa?!... Acho que vai levar alguns dias para me cair a ficha, tô meio abobado, rs... Amigo(a), eu fiquei sete malditos anos sem trabalhar!... E agora vou dar aulas de Português, um trabalho que me enche de orgulho e disposição!...

Que venham os alunos!