Pesquisar

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

AS PEDRAS

Atravessar, no espaço de uma vida, os caminhos que surgem à nossa frente, e que compõem para nós o mundo, não é difícil: submeter-nos aos ciclos de nosso sonhar - nascimento, desenvolvimento / adesão, e morte / desilusão - é que torna essa travessia tortuosa e torturante.


terça-feira, 21 de fevereiro de 2012

O POEMA QUE EU MAIS GOSTO DO BANDEIRA

VELHA CHÁCARA

A casa era por aqui...
Onde? Procuro-a e não acho.
Ouço uma voz que esqueci:
É a voz deste mesmo riacho.

Ah quanto tempo passou!
(Foram mais de cinquenta anos.)
Tantos que a morte levou!
(E a vida... nos desenganos...)

A usura fez tábua rasa
Da velha chácara triste:
Não existe mais a casa...

-- Mas o menino ainda existe.


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

O "POEMA-PREFÁCIO" DE MEU PRIMEIRO LIVRO (AINDA INÉDITO)


há, de tudo e sempre,
algo que resiste,
que pede surdamente
pelo retrato no papel,
e além do Tempo vive.

é a matéria anoitecida,
crua, sob a superfície,
alimento pra versos
inda verdes, tateantes,
em busca da luz do dia.

inútil querer evitá-los,
ou talvez dissolvê-los,
no divã dum analista.
antes, dar-lhes forma,
tal que neles possa,
livre do perecimento,
resguardar-se: a Vida.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

NO CAMINHO DE SWANN

Eu já tinha começado três vezes esse livro, o primeiro da Recherche, e por motivos diversos não terminara. Sempre aparecia alguma coisa que me fazia largá-lo. Entre essas coisas, a ponderação que tem muito de engano: "eu não tenho os outros volumes, de que adianta ler o primeiro?". Ora, acabo de terminá-lo, e se, por um lado, já comprei os outros, todos, por outro vejo que a leitura só do primeiro tem muito de proveitosa. Há uma coerência interna. Há começo, meio, e fim (que a Modernidade já descobriu não serem absolutamente necessários...). Tendo dito isso, acrescento que dedicarei parte dos próximos meses à leitura de toda a Recherche (hoje mesmo já comecei À sombra das raparigas em flor). Só posso dizer: que delícia!


terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

PROMETEU-EPIMETEU

Prometeu é o personagem grego que rouba o fogo dos deuses; Epimeteu é seu irmão idiota.
"Prometeu" significa "aquele que enxerga antes", e "Epimeteu" "aquele que enxerga depois". Pois bem. O pouco que já aprendi sobre a vida me inclina a pensar que há, e haverá sempre, ocasiões nas quais somos Prometeus, isto é, enxergamos antes, exercemos um papel inteligente, e outras ocasiões nas quais somos Epimeteus, isto é, somos levados pela corrente, logrados, passados para trás, etc. A dualidade instaurada pelos dois irmãos caracteriza o comportamento humano, seja o de pessoas consideradas inteligentes, seja o das menos dotadas. É impossível ser inteligente todo o tempo, e também difícil não acertar de vez em quando, por mais desprivilegiado que se seja.
Mas devo ir além, e aqui está o meu point: é preciso querer ser Prometeu. São precisos uma atenção especial a tudo o que está ao redor, e a determinação de fazer bem-feito, o que quer que se faça. Só enxerga antes quem se volta para as coisas, quem lhes dá importância, quem lhes indaga a que vieram, e para onde vão.
Isso dito, acrescento que Prometeu é também "malandro", e engana Zeus num sacrifício. Isso, evidentemente, esse lado do nosso amigo, não deve ser imitado.

sábado, 4 de fevereiro de 2012

PASSEI!

Entrei na USP de novo. Pra Letras. Sou, por assim dizer, um calouro-veterano, o que não me impedirá de ser pichado novamente, e tudo o mais.
Vou fazer o ciclo básico quase todo (Introdução aos Estudos Clássicos, Linguística e Introdução aos Estudos de Língua Portuguesa), devido a certas complicações burocráticas, mas isso não é problema. Até que gostei da solução. No final do ano, ranqueamento: devo optar pelo Inglês, se não mudar de ideia até lá...