Vida vai, vida vem,
e o Homem mal se sustém,
cara colada no vidro
dalgum maltratado trem,
indo para não sabe onde,
buscando não sabe quem:
ele vai, e ele vem.
Ontem eram planos
de alegria desvairada,
hoje são desenganos
afogados em barro-água:
o Homem vai, o Homem vem,
e é tudo para nada.
Caberia perguntar
se vale qualquer coisinha
a dor de ver o mar
ouvindo a torpe ladainha
da falsa Iemanjá
costurando falsa bainha:
ela ia, e ela vinha.
Ontem eram desenganos
em barro, e água, afogados;
hoje são muro branco
bem cagado e catarrado,
pelos tristes malandros
da viela aqui de baixo.
Caberia perguntar
se o tempo vai brindá-los
com esse mesmo catarro
que a gentileza me dá:
que ele venha, meu pai:
mas que ele vá!
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