O que revolta a lagarta, a borboleta já esqueceu.
Ri por último, quem vive mais.
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quinta-feira, 30 de maio de 2013
sábado, 25 de maio de 2013
JUVENTUDE F. C.
Juventude F. C.
O
campão do Parque Hotel... Ele abaixa, cata uma pedrinha. Toma distância pra
cobrança, a barreira logo ali, perto demais – “Eles tão vindo pra frente, ô
juiz!” –, e bate... A pedrinha em três ou quatro quiques cruzando a linha do
gol, imaginária, que o chão é de terra, e não há marcação. Gol do Juventude... Corre
pro centro do campo, os amigos o cumprimentam – “Valeu, Alessandro!”. Placar:
doze a cinco. Pros adversários. Restam, no entanto, pouco mais de vinte minutos
– “Dá pra virar, dá pra virar!...”. Chuta outra pedrinha. Olha a um canto, na
cerca – “Fecharam o buraco...”. Era por lá...
Dia de
treino. Amanhã, às três, é jogo contra os moleques da favela lá de baixo. Seu Honório,
vizinho deles da Rua Venezuela, e já um velhinho aposentado, aceita o convite
pra ser técnico do Juventude. Está lá, entrando no campão, como todos, pelo
rasgo na cerca, feita de arame em tela, se arrastando – “Ai...” – ele
reclama... mas consegue. Lá dentro, o rodeiam – “Seu Honório, quê que o senhor
acha da gente usar um líbero?” – “Seu honório, um vai ter que ficar na
reserva.”. Ele apenas olha... – “Hã, líbero? É...” - e olha apenas pra bola...
– “Dê cá ela, um instantinho.” – e pede que o goleiro se aprume lá debaixo das
traves. Dá uma ajeitada com todo cuidado, limpando as pedrinhas em volta, toma
distância... e chuta... pra fora. Pede-a novamente – “só mais uma.” – e desta
vez, ela encobre o goleiro... – “Seu Honório, o senhor jogava futebol?” – “Hã?
hein, jogar?... assim, que nem vocês...” – e baixando a voz... – “Faz muito
Tempo...” – “Mas seu Honório, e o líbero?” – “Líbero?” – “É, a gente podia usar
um líbero.” – “Ah, sim! acho bom, muito bom...” - e correndo os olhos lento
pelo campão – “Líbero...”. O treino: o ataque contra a defesa, e a tática eles
mesmo decidindo, que seu Honório só senta à beira do campo, ao pé duma árvore,
e fica lá... Olhando tudo calado, na sombra.
No dia do
jogo, de manhã, Alessandro vai à casa de seu Honório, pra lembrá-lo. Lá o
velhinho o recebe, e desculpa-se que não poderá ir, que a esposa teve febre
durante a noite, e terá que cuidá-la. Nada de técnico... Volta pra casa. Depois
do almoço, o irmão é outro: brigam, e resolve não jogar. Nada de goleiro... Vai
sozinho, e à uma, hora combinada, está lá, sentado ao lado da trave, esperando
os outros. Logo chega o Vaguinho, atacante, meia-direita e ponta-que-sobra, com
a bola e os uniformes, e o irmão mais velho, que veio apitar – “Ué, cadê seu
irmão?” – já vem perguntando – “Não quer jogar.” – “Vamos lá falar com ele.” –
“Não adianta.” – “A gente vai jogar sem goleiro, então?” – “E o Fabiano?” – “Tá
sumido. Faz tempo...” – “Sabe onde ele mora?” – “Sei.” – “É longe?” – “Não. É
aqui no bairro. A gente pode ir lá chamar ele, é verdade.” – “É, ué. Não custa
nada.” – “E o resto?” – “Eles esperam a gente aqui, seu irmão explica.”. Correm
à casa dele, que é furão, e às vezes é também a única esperança de alguém
debaixo das traves. Chegando lá, estranham... tem um homem de olhos vermelhos
na porta – “É o pai dele...” – o Vaguinho murmura... e um pessoal saindo e
entrando de lá, sempre o cumprimentando, com ar sério, parecendo triste. Ficam,
os dois, um tempo quietos, sem coragem de perguntar, até que o Vaguinho, que é
mais de casa, se aproxima – “O Fabiano tá?” – “Tá, tá lá dentro. Entra...” – entram,
e descobrem que a mãe dele morreu. E gelam – “É verdade... ela tava doente...”
– Alessandro se lembra. Ele aparece – “Fala... que foi, tem jogo?” – “Não! tem
não.” – emendam rápido – “A gente só... resolveu... dar uma passadinha aqui...”
– “Ué, e cês tão de uniforme por quê?” – “...” – “Querem que eu agarre?” – “Não,
acho que não... não precisa...” – “Eu vou lá. Peraí.”. Corre dentro do quarto,
buscar a camisa de goleiro. Quando volta, já a vestindo, arriscam os pêsames, e
ele aperta rápido as mãos que estendem, olhando pro chão – “Vamos, vamos lá. Que
hora é o jogo?” – “Três...” – “Beleza. Dá tempo.”. No campão, o resto do Juventude,
o juiz, e a molecada da favela lá de baixo, o adversário, que montava time
sempre ali, na hora, com quem viesse, e não tinha nome. Quando Alessandro, que
anotava todos os resultados num caderno, com escalação e tudo, inclusive
especificando o autor de cada gol, foi perguntar-lhes o nome do time, caíram na
risada. Um deles respondia – “Põe aí: sónabuceta!” – e gargalhavam. A
administração do hotel, apesar de normalmente cobrar pelo uso do campo, meio
que fazia vista grossa pros jogos da garotada, desde que não fizessem barulho,
que incomodava os hóspedes. Era difícil, um dos motivos o craque deles, o
punheta, que era fominha que só, sendo um tal de – “Tóoca punheta!” – e – “Porra
punheta!” – e – “Caralho punheta!” – durante o jogo, que era freqüente um
funcionário vir interromper, dizendo que os hóspedes estavam reclamando. Esse
era o adversário: sem nome e sem camisa, só palavras chulas. E goleada. Mas
enfim: bola ao centro. Começa o jogo... Sofrem um gol. E depois outro. E depois
outro. E depois... Placar final: dezenove a seis. Mais um pro caderno de Alessandro,
onde já constavam um dezoito a zero, e um vinte e um a um... Voltam pra casa
até que felizes: fizeram seis gols!...
Ele
ri. Chuta uma última pedrinha, e se dirige à entrada do hotel. Lá, pergunta ao
homem detrás do balcão se pode fotografar o campo. O homem ergue a cabeça,
medindo-o de cima a baixo – “Ué... e pra quê?” – “Só de recordação. Vinha jogar
bola aqui sempre há... Bom, há treze anos atrás...” – “Ah... sei... tá, vai lá.
Fica à vontade.” – “Obrigado, hein.”. E volta ao campão, bater suas fotos.
sábado, 18 de maio de 2013
VIDA
VIDA
Ela
chegou assim, de manhãzinha,
aérea
e leve, misturada ao toque morno
do
sol que despontava: ela chegou,
e
aos poucos vem me dando casa...
No
rosto, traços de um país distante,
e
no nome um delicioso gracejo...
Se
eu me ocupava com outras rimas,
em
alpinismo desesperançado,
posso,
agora, fincar o meu traçado
em
mais quotidianas linhas:
as
que um sorriso faz,
as
que, ponto a ponto, vão se firmando,
quando
olhar encontra olhar...
E
assim termino este poema:
com
a lembrança de algo que se inicia,
sempre
que os tenho, os olhos dela,
me
procurando pelas cercanias:
uns
chamam um tipo de jogo
– eu chamo um tipo de vida.
terça-feira, 14 de maio de 2013
NA PRAÇA DO RELÓGIO
Na
Praça do Relógio
...Na
sala de aula, certos arranhões no revestimento da parede lembram os rastros de
espuma deixados por um barco nas águas duma baía, outros uma nebulosa ou a
própria Via Láctea vista de fora, e outros ainda os grandes lábios de Janaína.
No batente da porta, há teias e uma pequenina traça enfurnada numa ranhura da
madeira. Engraçado... – “Será que as aranhas não comem as traças?...” – pensa
consigo. Inspira fundo... – “E a Via Láctea vista de fora?... Como eu sei
isso?... De onde veio a imagem que tenho na cabeça?...”. Expira. Vasculha a
memória... – “Talvez uma foto de revista... Com certeza uma simulação... Não dá
pra mandar satélite pra fora da Via Láctea...”. Inspira... – “Ou será que dá?”.
Medita um segundo... Expira – “Sei lá.” Abre um livro. Doutro lado da sala, um
de terno e gravata cochila com a cabeça caída sobre a maleta; lá no fundo, duas
outras, uma de saia, outra sem sutiã, discutem sobre o trabalho de fonética que
é pra daqui a uma semana, e que ainda nem foi começado, e depois acabam
emendando numa troca de receitas de pudim; e mais ninguém. Há rumores de greve,
e em situações como essa, sobretudo em noites de quinta-feira, é comum os
alunos receberem em seus joelhos a visita duma súbita fraqueza, e então darem o
sinal ao ônibus errado, e baterem em casa mais cedo. Fecha o livro, abre o
caderno. Rabisca um desenho. Lembra de quando desenhava... Faz muito tempo. Na
infância, seus cadernos eram cheios de desenhos de animais selvagens,
super-heróis, paisagens... Rabisca um rosto de mulher. Começa pelo nariz (ele
sempre começa rostos pelo nariz...), em vista diagonal, uma curva suave
terminando num pequenino triângulo, depois o queixo... Pára um segundo,
examinando o que fez... – “Deixa pra lá...” – murmura. Abre o livro – “Mal chegou,
Drogo apresentou-se ao Major Matti...”. Um ruído de passos incrivelmente
decididos vem chegando lá do fundo do corredor e já cruza a porta. Ergue a
cabeça: lá estão três membros duma chapa que concorreu e não venceu a última
eleição pro Centro Acadêmico... Recebe um panfleto. Um de bigode fala, enquanto
o de terno e gravata agora cochila de olhos abertos e as duas trocam receitas
por telepatia. Constrange-se e presta atenção ao que o homem diz... Está
chamando a todos prum ato na Praça do Relógio, um ato de repúdio à política do
reitor que não contrata novos professores, um ato de repúdio à política do
estado que não cede aos pedidos de aumento da cota do ICMS pras universidades,
por fim um ato de repúdio à política imperialista dos EUA... Ele fecha o livro,
enquanto seis olhos acompanham seus movimentos – “Vamos lá, amigos?...
precisamos reunir o máximo de alunos neste ato, é muito importante...” – diz o
de bigode – “Claro, claro...” – ele responde, juntando seu material, e agora um
ruído de seis pés incrivelmente decididos e dois adjuntos percorre os
corredores da faculdade. Alguns dois outros alunos são pinçados em outras
salas, e já estão nas escadas, fora do prédio. O de bigode propõe irem à ECA –
Escola de Comunicações e Artes, logo ali – tentar reunir mais pessoal. Todos
concordam. Vão descendo a avenida... o de bigode engatando uma conversa com o
outro do grupo dos três, um sem bigode (o terceiro é uma baixinha, que leva uma
faixa enrolada nas mãos). Parecem continuar algo que foi interrompido pelas
visitas em sala... o de bigode – “Quanto àquela tese do Max Weber, que você
falou, de que um país socialista só poderia ser administrado por uma
burocracia, e que portanto não seria uma sociedade sem classes, pois haveria
uma classe privilegiada, a dos burocratas do Estado, você precisa entender que
não precisa ser daquele jeito. Se você pega a obra de Lênin, você vai ver o que
eu tô te dizendo. O comunismo que a gente pretende não é aquele da União
Soviética, é um comunismo diferente...” – “Sei...” – “É. É possível...” – “Mas
seria algo conquistado por meio duma revolução?” – “É. Seria.” – “Tá, e o que
vem depois duma revolução não é, via de regra, uma ditadura?” – “E nós vivemos
o quê?” – e pára, acendendo um cigarro, mirando o alto, pr’além das copas das
árvores. Dá uma tragada funda, depois soltando lento a fumaça – “É a ditadura
da burguesia...” – diz, correndo a vista em redor, onde só há árvores, dormindo
o sono apolítico dos vegetais.
ECA.
O C.A. de lá não está colaborando, diz o de bigode – “Acham que os alunos estão
em refluxo... essa é boa!”. Os dois alguns pinçados na Letras sumiram, mas o
grupo dos três nem dá pela falta, e segue quinta-feira, 9 de maio de 2013
NO AR...
No ar, um gosto de espera,
de promessa de chuva e de verde;
no ar, teu nome, ritmado em meu peito...
como causa, e como efeito,
teu nome cerca minha noite e meu dia,
e dos vagões a mim atados, meu fardo,
ele, teu nome, suave me alivia...
Ah... Samira...
Teu nome eu respiro,
e no ar desse momento
consigo repelir o esquecimento,
do modo mais preciso:
sorvendo o ar de teu nome,
grudado às paredes e ao chão,
da falta em que habito.
de promessa de chuva e de verde;
no ar, teu nome, ritmado em meu peito...
como causa, e como efeito,
teu nome cerca minha noite e meu dia,
e dos vagões a mim atados, meu fardo,
ele, teu nome, suave me alivia...
Ah... Samira...
Teu nome eu respiro,
e no ar desse momento
consigo repelir o esquecimento,
do modo mais preciso:
sorvendo o ar de teu nome,
grudado às paredes e ao chão,
da falta em que habito.
segunda-feira, 6 de maio de 2013
NÁUFRAGO
Náufrago
...Vem pela calçada, apostilas e
resumos na mão, musiquinhas pra facilitar a decoreba no assobio. Passa a porta
do cursinho, cruza a rua, e senta à porta do bar. Só mais essa vez, como
sempre. O peso de oito horas de trabalho parece às vezes maior do que o peso de
todo um futuro a escolher. Ou não. Vai ver que é do futuro mesmo que se foge.
Enfim, suspira e pede uma cerveja. Dali cinco minutos, chega o amigo – “Mais
uma!” – já vem pedindo. Termina um copo – “Só vou tomar essa, depois subo.” –
diz, o amigo franzindo o pára-vento – “Ah!... Qualé?... Você não vai assistir
aula da Ruth!”. É a de Literatura, algo de que ele gosta bastante, e hoje o
tema é José Lins do Rego...
–
Ela vai passar o Fogo morto...
–
Ah, é?
–
Tá na lista da Fuvest...
–
Ah, é?
–
Vou ver se consigo ler... minha
única chance é a USP...
–
Ô pedrão! vê mais uma?
Queria ter a inconsciência tranqüila e
a aptidão alcoólica do amigo. Mal enche o copo, pede outra, entornando o
primeiro:
–
Ah!... hoje tá foda...
–
Quinta-feira é foda....
–
Depois de domingo e antes de
sábado é foda...
–
É...
–
Se é...
Ombros, pernas e braços vão
amolecendo...
–
Preciso mijar...
–
Vai lá...
O banheiro é uma privada branca por
fora e marrom por dentro, sem pia. Ele abaixa a cabeça, o mundo dá uma girada
meio brusca, ele tenta se apoiar na parede e sem querer aperta o botão da
descarga. Um riso espirra por entre os lábios, depois outro, e quando vê está
gargalhando... Volta:
–
Quer saber, eu subo na segunda
aula!
–
Grande garoto! Aula da Ruth não
dá...
–
Me lembrei duma piada.
–
Ôpa! manda. Pedrão!... siiipf!
–
O português tava chamando o
elevador...
Passa a aula da Ruth, depois a
segunda, que ninguém se lembra mais de quem é, e estão lá, ele gastando todo o
estoque de piadas que só agradam a bêbados, e o amigo rindo às lágrimas.
Pode-se ver já um pelotão de marronzinhas sobre a mesa...
–
Cara, me bateu uma fome... vou
pedir um pastel.
–
Pede dois...
Vem o pastel, vai o pastel, desce mais
uma, sai pra mijar, volta...
–
Cê vai prestar o quê mesmo?
–
Engenharia.
–
Civil?
–
Civil.
–
Difícil...
–
É. E você?
–
Tô entre Economia, Matemática,
Física, Filosofia e História...
–
Pfuvzzz!...
O amigo cospe a cerveja, e já estão
rindo de qualquer coisa.
Onze horas:
–
Preciso ir embora...
–
Eu também...
–
O negócio é pedir a conta...
–
Pois é...
–
Mais uma?
–
A saideira...
–
Pedrão! a saideira!
É a rodada das saideiras. Uma, duas,
três...
–
Pedrão! Agora a últchima.
–
Com cherteza...
No ônibus, o cobrador diz que a
passagem é dois e sessenta e ele não contém o riso:
–
Dois e sessenta, é?
–
É...
–
Dou dois e sessenta?
–
É!
E leva a mão à boca, sacudindo os
ombros, em seguida respirando fundo...
–
Se você dchiz...
E entrega o dinheiro, passa pela
roleta e senta, controlando-se.
Em
casa, todos já se deitaram. Sobe as escadas engatinhando, de repente as tripas
parecendo sofrer um cálculo logarítmico, e um gosto de fagocitose vindo à
boca... Corre ao banheiro, põe a cabeça na privada, e um trem vindo a cem
quilômetros por hora, em superfície sem atrito, desliza pela garganta e
espatifa-se na água. Pisca lento, duas vezes, observando o conteúdo... lê o
futuro: fiapos de macarrão, cascas de lentilha, carnes moídas e cacos de berinjela
– “É marcante a tensão entre o positivo e o negativo, entre formas lisas,
suaves, e outras recortadas, agressivas...” – opina uma das namoradas de
Pablito, quando este lhe mostra uma nova tela, no filme Os amores de picasso. – “Num dá pra entender nada. Acho que vou ser
economista, ou crítico de arte.” Segue pro quarto. O que quer que estivesse na
cama, foi ao chão. Deita, e está numa balsa, perdido em alto mar. As ondas
batem na proa, e lambem o fundo, e o mundo balança... – “Uôoo...”. Uma mais
forte golpeia a traseira, fazendo com que o barco embique na água... –
“Uôôooo...”. Se debate e agarra à cabeceira – “Vai virar!” – por um segundo seu
destino parecendo ser os tubarões. Até que as ondas vão, aos poucos, cessando,
e o tempo azulando, e o mar respirando sereno, marolando na quina da cama, e
pode largar a cabeceira, e fechar os olhos, e esperar um cargueiro, um
coqueiro, ou quem sabe o dia seguinte.
quinta-feira, 2 de maio de 2013
A SAUDADE
Olho o mar, verde esmeralda,
Mas não há mar, nem cor alguma.
Olho o céu, todo estrelado,
Mas não há céu nem estrelas, apenas brumas.
Olho... a ti, Samira,
mas tu não estás, só longe, muito longe...
Enquanto meu coração bate descompassado,
como se tivesses a cabeça pousada em meu peito:
Mas não há peito... só o gasto tambor
de uma saudade que cisma em ver o que não há,
porque sabe o que é preciso
neste agreste meio de caminho.
Mas não há mar, nem cor alguma.
Olho o céu, todo estrelado,
Mas não há céu nem estrelas, apenas brumas.
Olho... a ti, Samira,
mas tu não estás, só longe, muito longe...
Enquanto meu coração bate descompassado,
como se tivesses a cabeça pousada em meu peito:
Mas não há peito... só o gasto tambor
de uma saudade que cisma em ver o que não há,
porque sabe o que é preciso
neste agreste meio de caminho.
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