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domingo, 28 de julho de 2013

CARLO EMILIO GADDA

Acabo de terminar a leitura de A Adalgisa - Quadros milaneses, de Carlo Emilio Gadda. São contos, no mínimo inusitados, vão e vêm no tempo, e no espaço, e nos eventos, com uma linguagem que no começo parece pedante demais, mas que depois, conforme notamos que o autor sustenta o estilo, se afigura original, forte, mais do que isso: pujante. E tudo isso para não falar na deliciosa ironia de Gadda, seus eufemismos sarcásticos, seus neologismos satíricos.
O livro, ao percebermos que há uma continuação entre os contos, que personagens se repetem, e eventos se encadeiam, poderia ser considerado um romance fragmentário, uma espécie de crônica de Milão, da Milão do início do século XX. E quanta acidez ao descrever essa cidade tão presente nos sonhos dos peregrinos...
Leitura fundamental.

terça-feira, 23 de julho de 2013

O SOCIAL NA ARTE

Começo a trabalhar com mais afinco o social, na minha poesia. Por aqui, dizem os críticos que todo artista que se preze acaba se obrigando a fazê-lo ("se obrigando", claro, se isso já não é natural em sua linha de trabalho, no, por assim dizer, movimento de sua inspiração...).
E a preocupação com o social, pra dizer a verdade, se no início não era grande em meu dia-a-dia, atualmente vem crescendo consideravelmente.
O espanto: como assim não era grande?!

sábado, 20 de julho de 2013

FRASES...

"Um grande livro é um grande mal" - Calímaco de Cirene

O livre-arbítrio é um grande livro.

quinta-feira, 18 de julho de 2013

UM MÉTODO

Parece que estou encaixando um método: fixar um ponto de partida, o mais das vezes um núcleo, uma ideia central, autobiográfico, e então enformar, daí, uma peça literária que funcione enquanto tal, isto é, que não seja mera recordação.
Na verdade, vou escrever o "Decamerão da minha vida", cem contos, segundo esse método. Dez já estão prontos, e a maior parte deles já postei aqui. Dos outros noventa já tenho as ideias, falta apenas sentar e escrever. Pois é.

sábado, 13 de julho de 2013

RECEITUÁRIO HORACIANO

E mesmo quanto a fazer literatura, o maior e melhor receituário talvez seja a Epístola aos Pisões, também chamada de Arte Poética, de Horácio. Pois é.

sexta-feira, 12 de julho de 2013

DE RECEITUÁRIOS...

Estou escrevendo uma espécie de "receituário para sobreviver no mundo-cão." São máximas e conselhos, amorais. Pautados pela eficiência. Pronto. Confessado.
Li, hoje mesmo, no blog da Cia. das Letras, a frase escrita por Leandro Sarmatz, acerca de Italo Calvino: "inteligência sutil e penetrante jamais se colocaria a serviço dessa tarefa [ a de escrever um receituário ]".
Ora, fiquei me perguntando acerca da "tarefa": receituário para fazer literatura, ou qualquer tipo de receituário? Se for o primeiro caso, apoio. Se for o segundo...
Parece óbvio, não é?
E ademais: vá ler Sêneca, ou Cícero, para ver que o "receituário" tem estrada, e não é sem qualidade...

sábado, 6 de julho de 2013

PODE SER, PODE NÃO SER...

A esmagadora maioria das situações que a gente experimenta na vida tem esse caráter: elas podem decorrer de A, ou de B, ou de...; elas podem significar C, ou D, ou...; elas podem, enfim, ter como solução E, ou F, ou...
A gente fica na dúvida, e tem de trabalhar com hipóteses, o tempo todo, e isso me angustia de tal maneira, que vou acumulando tiques nervosos, que tento disfarçar, mas nem sempre consigo...
Ó Pai: mandai algo unívoco!

quinta-feira, 4 de julho de 2013

REALIDADE TOTALIZADORA

Li, há uns dois ou três dias, a expressão "realidade totalizadora" num texto de crítica, e fiquei a pensar. Não é a primeira vez que me deparo com ela, mas agora, somente agora, depois de anos de leituras e ruminações, ela se me afigura em toda a sua estranheza: como pode haver isso, "realidade totalizadora"? Uma moldura, onde tudo se encaixe, na nossa apreensão das coisas? Uma coerência abarcando tudo o que existe para nós, uma organicidade? Quer me parecer que as duas coisas são impossíveis...
Depois de matutar um pouco, chego à constatação de que enxergamos aspectualmente, de que entendemos aspectualmente, de que amamos aspectualmente, etc...
Nossa consciência é fragmentária. Não há moldura, nem fio de Ariadne.