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quinta-feira, 28 de abril de 2011

TO A YOUNG LADY

se me nego a sofrer demasiadamente,
e me oferto o sorrir frente a frente com a tristeza,
é porque sei que a cada lado do caminho
há a tua mão, invisível sob a neblina,
a me amparar o corpo cansado, e me aquecer a pele adormecida...

sempre, sempre nos procuramos sob a sombra,
e nos confortamos um ao outro com olhares calmíssimos, sérios: atentos.
nunca seremos menos do que a própria e eterna criação,
porém sempre tímidos e modestos, como o nascer dos passarinhos,
ou o verdejar de uma pequena planta...

e é com essa simplicidade que eu queria dizer,
sem quaisquer veleidades de músico ou poeta,
que você é para mim a incortonável vereda,
a passagem sempre aberta para a lua cheia,
luz noturna que me banha e me acalenta,
sem que eu jamais me veja
despido do amor, e me entregue
eternamente em oferenda.

terça-feira, 26 de abril de 2011

Miscelânea alegrinha

Não tomei paulada hoje!...

Estava quase indo embora pra Pasárgada, mas... acho que vou ficar por aqui mesmo... rs...

Só vou te dizer uma coisa, amigo: a tensão é quase insuportável... eu conto os minutos, querendo que passem, e querendo que não passem, ao mesmo tempo...

Que venham os dias, e os trabalhos!

sábado, 23 de abril de 2011

Das Wiedersehn, de F. G. klopstock

DAS WIEDERSEHN:

Der Weltraum fernt mich weit von dir,
So fernt mich nicht die Zeit.
Wer überlebt das siebzigste
Schon hat, ist nah bei dir.

Lang sah ich, Meta, schon dein Grab
Und seine Linde wehn;
Die Linde wehet einst auch mir,
Streut ihre Blum' auch mir.

Nicht mir! Das ist mein Schatten nur,
Vorauf die Blüte sinkt;
So wie es nur dein Schatten war,
Worauf sie oft schon sank.

Dann kenn ich auch die höhre Welt,
In der du lange warst;
Dann sehn wir froh die Linde wehn,
Die unsre Gräber kühlt.

Dann... Aber ach ich weiss ja nicht,
Was du schon lange weisst;
Nur dass es, hell von Ahndungen,
Mir um die Seele schwebt!

Mit wonnevollen Hoffnungen
Die Abendröte kommt:
Mit frohem, tiefem Vorgefühl,
Die Sonnen auferstehn!

TRADUÇÃO (POR MIM):

O REENCONTRO:

O universo nos separa,
Porém não o tempo.
Quem dos setenta já passa,
Aproxima-se de teu alento.

Há muito vi, Linda, teu túmulo
Sob árvores a balançarem;
Um dia, elas balançarão sobre mim,
Como a mim presenteiam suas flores agora.

Mas não! É apenas a minha sombra,
Sobre a qual cai a folhagem;
Como, antes, foi só a tua sombra,
Também abençoada pelas árvores.

Saberei então mais altos mundos,
Nos quais por muito tempo tu viveste;
Então veremos alegres o dançar da folhagem,
A cobrir nossos túmulos com ar fresco.

Então... Mas oh! Eu não sei nada,
Do que tu já por tanto tempo sabes!...
Apenas sei de um vivo pressentimento,
Que me toma a alma no presente:

Esperanças de vida além
O crepúsculo próximo traz:
Novos e felizes momentos
O nascer do sol anunciará!

sexta-feira, 22 de abril de 2011

quinta-feira, 21 de abril de 2011

PRIMEIRO GRITO DO NAUFRÁGIO

no espelho, teus olhos se confundem com os meus,
e um rosto disforme, com a pele pendurada em tiras sangrentas,
sorri mostrando presas cheias de baba;
a noite, lá fora, canta soprano, enquanto meu coração responde barítono,
e o coro é um uivo entristecido...

quantas misérias a vida, sempre ela, pode legar a um pobre diabo?...
sem querer estar longe, me afasto,
e querendo me afastar, me castro,
e tudo o que faz algum sentido é o sopro demoníaco
daqueles que jamais souberam o quão triste
é ser um verdadeiro, e sincero, eu lírico...

ah... a poesia...
plasmar em arte o que me consome,
será, algum dia,
remédio para fome tão implacável,
e dor tão lancinante?...

não sei...

e só assim posso terminar este poema,
este grito de pássaro abatido,
quando ensaiava um voo, um início de migração...
só posso terminá-lo assim:
deus não existe, e o diabo é o coração do homem.

domingo, 17 de abril de 2011

O CONCURSO, E O MALA

Aconteceu em 1992, no começo do ano: eu morava em Bacaxá - um distrito de Saquarema -, a duas horas de viagem do Rio de Janeiro, e meu padrasto - é isso o que ele sempre foi, embora na época eu julgasse que ele era meu pai... - participava de um festival de música em Niterói. Era um concurso: havia um corpo de jurados, e de um total de doze participantes, três se classificariam para a grande final. Lá fomos: eu, ele, e minha "mãe" (é difícil explicar o porquê das aspas, quem sabe um dia...). E agora é que entra o meu verdadeiro assunto: um dos concorrentes, o primeiro a se apresentar, era péssimo, mas põe péssimo nisso; a música era insossa, primária, ele tocava mal o violão, errava, cantava mal - ora semitonava, ora desafinava mesmo... - e a letra talvez fosse o pior de tudo; me lembro do refrão: "lute pela paz, não lute pela guerra, salvemos nossa terra", ou algo bem próximo disso. Era uma letra, por assim dizer, "cheia de causas": da paz mundial à preservação dos ecossistemas. Mas o que me intriga, e talvez eu deva dizer: me fascina, hoje, lembrando desse episódio, é o apoio, total, irrestrito, que algumas pessoas que estavam na platéia, provavelmente a família do tal concorrente, davam a ele, assoviando, batendo palmas, etc. O cara estava lá passando o maior ridículo, fazendo um papelão, e eu me pergunto: como será que a companheira dele - namorada, noiva, ou esposa - o via, através do "filtro do amor" (expressão horrível, de péssimo gosto, mas é que não me ocorre melhor...)? Será que ela gostava de verdade da música dele?... Ou será que o perdoava, por ele ser um cara legal, com outras qualidades, etc?... E como será que ele próprio se julgava?... Será que tinha ao menos um mínimo de consciência de que o que ele fazia não prestava?... Ou será que era cego para esse fato, talvez mesmo um tanto arrogante?... E se o fosse: mereceria, então, passar vergonha?... São várias as perguntas suscitadas por esse acontecimento, e eu sinto em dizer que não tenho resposta para nenhuma delas... Mas como me interessa, e me faz pensar, toda essa história!...

PEQUENO COMENTÁRIO II

Estou tentando ser grande, mas... como é difícil, não?... Há coisas que eu sei que são verdades, mas isso não me impede de sofrer em razão de uma ou outra falsa imagem... E mais do que sofrer: fazer sofrer quem não tem culpa nenhuma... É... Eu tenho feito isso... Na verdade, minhas atitudes não ilustram o que sinto, porque se o fizessem, eu não conseguiria trabalhar, não conseguiria fazer absolutamente nada, se eu pudesse externar meu desespero, aí, aí sim... creio que todos entenderiam... Enfim: vou continuar tentando...

ATUALÍSSIMA II

Puxa... pintou uma tristeza braba agora... E eu ainda tenho que preparar aulas...

PEQUENO COMENTÁRIO

Ainda estou abatido... Sonhei essa noite que de repente estava sem mulher nenhuma, e também sem perspectiva, e me perguntava, no sonho, e agora, deus meu?... Com quem eu vou tentar ficar?... De quem eu vou correr atrás?... E não me vinha ninguém à mente, até que... até que me lembrei de você, minha linda, meu amor, e alguma coisa melhorou, embora não tanto como eu gostaria... Ainda não sei como lidar com o que anda nos atormentando... Mas saber que você existe é já um enorme consolo...

sábado, 16 de abril de 2011

EU QUIS FAZER UM POEMA BOM DE VERDADE, E QUE DISSESSE O QUE SINTO...

o fantasma de dentes e pele podres me atormenta noite adentro,
e a viúva negra caminha pelo meu ventre adormecido...
como posso afugentar meu pesadelo, se está fechado o cerco,
e tudo o que é sujo e torpe dança à minha volta, como num ritual indígena?...

só queria sentir o calor de teu corpo bem junto ao meu,
e numa carícia desesperada, acordar a fada que protege os amores verdadeiros,
acordá-la do sono intempérie, do sono desastre,
pois é fato que ela nos esqueceu...

só queria dizer assim: meu amor, meu tão caro amor,
põe tua cabeça no meu ombro cansado, e choremos, e choremos, e choremos...
põe tua mão na minha, e entrelaçando os dedos,
digamos ao mundo que nada, nada nos separará,
e caminhemos para a morte com o único consolo que a vida pode oferecer aos humanos:
alguém para dividir todos os pesos, todos os riscos, e todos os risos.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

O poder da música, e uma pequena comédia

O poder da música... Estava eu agora há pouco andando pela Paulista (fui comprar uns livros na Livraria Cultura), quando passei por um sujeito tocando um sax; a música era How deep is your love, dos Bee Gees, e operou em mim uma transformação extraordinária: eu estava assim, um tanto tristonho, um tanto passado - problemas que insistem em não ir embora, e que eu não sei como resolver... - e de repente me vi tomado de uma calma, e também de uma leveza, de uma esperança, de uma sensação de que tudo dará certo... Tudo isso devido ao simples som de um saxofone!... Fiquei tão feliz, momentaneamente, que fui lá dar uns trocados para o rapaz, e é aí... rs... é aí que vem a comédia: verifiquei meus bolsos, e neles havia 30 centavos; muito pouco!... pensei. Mas quanto dar?... Enfim, resolvi: peguei uma nota de 2 reais, juntei aos 30 centavos, e pus no estojo que ele usava para as doações. E vou te falar: me doeu!... Explico: é que eu passei alguns anos desempregado, e então qualquer trocado que sai me dói. O certo, o certo mesmo, seria ter dado pelo menos uns 10 reais para o moço do sax, porque ele me fez muito bem, mas eu ando tão muquirana, mas tão muquirana, que ter dado 2 reais foi praticamente um milagre!... A música, e o pão-durismo... Haverá alguma relação entre eles?...

quinta-feira, 14 de abril de 2011

ADÁGIO-REFLEXÃO II

se eu pudesse deixar para trás tudo o que me enoja,
e me impede de viver o ar tão benfazejo dos romances em que se ama de verdade,
ah... como eu correria a te abraçar!... e beijar, e beijar... e beijar.

mas a verdade é que nada vai bem,
que os monstros das esquinas enfumaçadas
me espreitam, e me cortam a pele e a carne...

amanhã, talvez me venham a vontade de sorrir e a leveza de alma necessária para realizá-la...

mas enquanto isso...

?

domingo, 10 de abril de 2011

POEMA DESENCANTADO, RUIM MESMO

não há como esconder: eu amo.

não há como...

só há como dizer: eu amo.

só há como...

é como sempre foi: eu amo,
e me atormenta a necessidade de agir no sentido desse amor, de sua concretização;
se há motivos para ser triste,
também os há para ter esperança;
enfim, não há como fugir: eu amo,
e só me resta amar, só me resta...

só me resta um lugar-comum: a luta.

Do sofrimento

Às vezes me pergunto se o sofrimento por que passo é simplesmente algo da vida, dessa vida de todos nós, e se há alguém que não sofre, e se esse alguém é uma pessoa boa, porque penso, sinceramente, que quem não sofre não pode ser bom... Mas há o outro lado: quem sofre demais tem grandes chances de tornar-se mau... Para tornar-se um adulto completo, penso que há uma quota de sofrimento que se deve cumprir, mas como encontrar a dose certa?... E nós, que cuidamos de crianças: é nosso dever fazê-las sofrer, ou devemos deixar isso para a vida empreender de modo natural e caótico?... Não sei...

Tudo isso motivado por uma dorzinha que estou sentindo... Acho que ela sabe do que estou falando...

sábado, 9 de abril de 2011

ADÁGIO-REFLEXÃO

as lembranças vêm, umas seguidas das outras,
como partículas de fumaça, a subir e se misturar com as nuvens...

e as lágrimas, como pequeninas fontes,
desentravam as tristezas lá de dentro,
caindo lenta, lentamente, e banhando o chão...

com uma coisa intima, indissoluvelmente ligada à outra,
sigo martelando bandeirianamente meu cântico de uma só certeza:
ser a eterna busca de quem me alimente e complete.

domingo, 3 de abril de 2011

ÚNICO

Havia tempos não me sentia tão feliz, e o curioso é que percebo que a felicidade, e a ânsia por felicidade, são sentimentos muitíssimo parecidos... Ora, só em um deles você tem o que deseja, então pergunto: que ânsia é essa que se sente, quando já se tem o que se quer?... Talvez... talvez seja uma vontade incontrolável de perpetuar o prazer, pois penso que todo prazer vem acompanhado dessa vontade, desse desejo... Enfim: o fato é que se estou bem, por outro lado ainda não tenho exatamente o que quero... Mas... a vida promete, ah... e promete tanto... Como promete...

OCI ZELENE ZA MLADE

a cada passo, uma alegria, e também uma tristeza...

mas avançamos, e o dia que se anuncia
trará milhões e milhões de explosões,
e o fogo das estrelas que surgirão do nada,
aquele mesmo nada que as mantinha ocultas,
aprisionadas em nuvens de desesperança...

busco esse dia como um faminto felino
busca a presa escondida...

e a verdade é que encontro um pouco dele
em cada olhar teu, quando me crava sua luz,
e isso... ah, isso tem sido meu alento,
e meu mais desejado alimento.