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sexta-feira, 29 de março de 2013

A PAIXÃO, A VERDADE

Esta é a primeira páscoa em que eu de fato penso na questão da Paixão de Cristo.
Não creio na trindade, não creio que o verbo se tenha feito carne, essas coisas; para mim Cristo foi um grande homem, um sonhador talvez, muito provavelmente um sábio.
Isso posto, como nos ensina o seu calvário!
É o preço da coragem, quando aliada à bondade, e à persuasão. Sim, persuasão, porque se ele não tivesse convencido pessoas e "feito barulho", provavelmente não teria ido parar na cruz.
Jesus, certamente, falava bem. Mas não era uma espécie de "sofista", pois manteve-se fiel às suas convicções, e por isso foi crucificado.
A verdade a qualquer custo. Ou o que cremos ser verdade, a qualquer custo.
A segunda sentença, com sua relativização, já nos conduz a uma reserva... Há custos altos demais, para verdades que insistem em ser subjetivas além do que gostaríamos.

 

domingo, 24 de março de 2013

SABENDO OLHAR

Nossa vida nos transborda: não somos só o que está em nós, somos o que está ao redor, e que nos afeta; somos o que está no Outro, que aponta para nós, e que nos influencia; somos o que está lá longe, porque querendo ou não, reforçamos suas pegadas; somos, enfim, tudo o que não somos, porque dependemos disso para nos afirmar. 
Tentar olhar, portanto, cuidadosamente mesmo para o que parece estranho demais à nossa natureza é, apenas, um ajuste no espelho.

sábado, 23 de março de 2013

quinta-feira, 21 de março de 2013

UM ESCLARECIMENTO

Escrevi aqui, recentemente, que se o escritor não tem algo a ensinar, então ele não deve escrever. Gostaria de colocar minha opinião em termos mais claros.
Pois bem. Quis dizer com isso, apenas, que o escritor, ou aspirante a escritor, deve ter certeza de que a ideia que tem na cachola, uma vez posta num livro, deve fazer alguma diferença na vida de quem o ler. Não deve ser algo inócuo. E se fizer alguma diferença, se não for inócuo, então o leitor crescerá, necessariamente (embora não se possa, na maioria dos casos, apontar a direção na qual o crescimento se dará). Ele, no mínimo, deixará o lugar que ocupava antes da leitura, entendendo por lugar uma abstração, algo como um posicionamento no âmbito da existência. 
Promover um reposicionamento, ainda que só aspectual (o mais comum), é próprio dos bons livros.
Creio que agora consegui dizer.

segunda-feira, 18 de março de 2013

O SÉCULO

Sobe o pano,
E as armaduras ainda estão
A nos enfeitar os torsos,
E a espada ainda erguida
Anuncia que estamos certos,
Sempre,
E de coração aberto,
Somos poucos.

Quanto calor há para este berço
Impróprio para a sabedoria?

Quisera percorrer as estepes, as pradarias,
E mergulhar n'água clara dos rios
Que se espalham por matas bem mais que simplórias:
Matas cientes, de muito, de sutilezas.
Ó matas, dai-me um rumo,
Pois não tenho pai nem mãe,
E o caminho é turvo...

Considero a pedra:
Dura, fria, morta. 
Será mesmo?...
Estranho é, que ela me diz de outras Eras,
Não só as passadas, mas
Também as vindouras...
Sim, um tempo de espera,
E com ele, talvez,
A realidade corrosiva da terra
Em que se digladiam
As duas guerras: a do Sim,
E a do Não.

Qual guerra vencerá importa menos;
Que morram ambas!

E assim possamos acender a fogueira
Em torno da qual dançaremos
Celebrando o entendimento.



quinta-feira, 14 de março de 2013

A ARTE, E OS PARADIGMAS

A Cia. das Letras, recentemente, promoveu um concurso de haikais em seu blog. Já foram divulgados os ganhadores, cinco. Todos poemas que denotam fina sensibilidade, e gosto.
Pois bem. Só que muitos comentaram que os cinco não se enquadravam no conceito de haikai, porque não respeitavam a métrica (5-7-5 sílabas poéticas), ou porque fugiam ao tema, ou porque não tinham KIGO, ou por algum outro motivo. Não sei o que é KIGO. Vou pesquisar. Mas o que interessa, aqui, é a postura estreita, radical, de algumas pessoas quanto a essa forma literária. Digo "estreita" não me referindo ao fato de essas pessoas tentarem ser ortodoxas, mas ao fato de elas só conceberem como haikai aquele poema que se encaixa com perfeição ao modelo. Tudo bem o seu purismo, se for uma particularidade sua, mas se for concebido como lei, aí... trata-se de amarrar o poeta, e o poeta não tolera amarras.
A modernidade é caracterizada, em arte, pela quebra recorrente de paradigmas. Vale, ao menos para nós, ocidentais, a ideia, a realização, a beleza intrínseca, em detrimento da fidelidade a um padrão, algo simplesmente fora do âmbito há, pelo menos, mais de um século.
Eu escrevo haikais. Mas os meus, não são haikais. São poemas de três versos e no máximo dezessete sílabas. Sei lá que nome dar a eles...

quinta-feira, 7 de março de 2013

AMOR: AMOR

Toco teus dedos,
Toco teus pelos,
Carícia delicada,
Selvagens anseios,
Toco tua boca,
E a tua força
De pequena fada
Me tange e atordoa...

Toco-te,
Bebo-te,
E na vertigem
De meu sobrevoo,
Inspeciono teu corpo,
E me perco,
Sou todo destroços,
De uma nau-desterro,
A vagar pelo mar
De tua perfeição.

Tua geometria,
Sem se perder da minha,
Enleva-me,
Subleva-me,
Frente ao inexorável
Destino de ilha:
Minha vértebra,
Meu fêmur,
Minha espinha.

Oh, anseios!
Oh, carícias!
Oh!... da perfeição... que eu bebia...

Amor: Amor.