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sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

TENTANDO RESOLVER A CONTRADIÇÃO...

Pois é. Me contradisse.
O que aconteceu foi que eu julgava a minha inclinação a criar sempre a partir de mim mesmo como uma pequena "miséria" minha. Assim, a combatia. Até descobrir que não é uma miséria, e então me despedir do sentimento de culpa e do auto-enfrentamento, nesse caso específico.
Mas não penso que não se deva contrariar a própria natureza em nada. Muitas vezes devemos contrariá-la. Na verdade, sempre que a razão nos apontar problemas em nossa natureza. É preciso trabalhar-se, e todos têm de fazê-lo.
Alguém objetará: mas se a identificação do problema é feita pela própria pessoa que tem o problema, não se dará, sempre, uma circularidade que impedirá qualquer diagnóstico perspicaz?
Talvez. Mas é preciso ter em mente que nós, seres humanos, participamos da Razão, e ela tem de ser universal. Assim, se ela é "operante" em nós, nós temos de ser capazes de auto-avaliação.
Enfim, muito pano para manga.

ME CONTRADISSE.

Caí em contradição. Escrevi, aqui, há poucos dias que não "convém contrariar a própria natureza, em nada", e escrevi também que quem não combate as próprias misérias não está longe do orangotango.
Ponho aqui o reconhecimento do erro. Vou pensar.
Novas ideias, espero, a caminho.

E O HÁBITO DE SOFRER...

Não sinto prazer em sofrer. Mas sim, a melancolia me dá prazer.
Melancolia é um quase-sofrer, uma tristeza mais leve, com um gosto de chuva caindo, e cheiro de passado, de lembrança, de saudade.
Talvez até, a saudade de tudo que ainda não se viu...
Sim, eu sou melancólico.
São momentos deliciosos, pra dizer a verdade.
Mas não podem ser forçados. Têm de ser naturais.
Ou seja, é de vez em quando que se experimenta a melancolia genuína.
A bem da verdade, é pra se dar graças a Deus.



quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

ERRO PESSOAL, ERRO IMPESSOAL

Uma outra distinção fundamental com relação a erros é a que propõe como erro pessoal aquele erro que o sujeito comete por ser quem ele é, isto é, na estrita dependência da personalidade, oposto a erro impessoal, que é o erro marginal e/ou circunstancial, isto é, aquele que não depende da personalidade do sujeito.
Posso citar, como exemplo de erro pessoal, o abuso de autoridade reiteradamente cometido por certos indivíduos. O fato de ser reiterado não implica burrice, como diz o adágio (cometer o mesmo erro duas vezes...), mas sim a essencialidade do erro, ou seja, o seu vínculo íntimo com a personalidade de seu autor. E como exemplo de erro impessoal, temos o descontrole momentâneo, devido a estresse, de alguém que normalmente é calmo.
Se aprender com um erro circunstancial é bem fácil, já não o é aprender com um pessoal. Uma vez tendo tomado consciência do primeiro, dificilmente repetimo-lo; já quanto ao segundo... consciência não basta: há que se trabalhar fortemente, lá no íntimo, para produzir uma mudança que o impeça.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

MORAL E EDUCAÇÃO

Escrevi, faz pouco tempo, aqui que a moral é essencialmente combate interior. Pois bem. A que leva, no campo da educação, essa forma de concebê-la, a moral?
Penso, para ir direto ao ponto, que não é mais o caso de tentar passar para o educando máximas morais, de modo que ele as seguisse, mas sim procurar desenvolver nele concepções positivas, vinculadas a muitos exemplos - na verdade, encarnadas nesses exemplos -, e fortalecer ao máximo a vontade nele, isto é, dar-lhe força de vontade.
Exemplo: combinar a) fazer o educando participar sempre, e ativamente, das soluções dos seus problemas, evitando (o educador) atrapalhar o processo com frases "enriquecedoras"; e b) fazer o educando esperar, e às vezes esperar bastante, pela satisfação de suas aspirações, tais como um passeio a certo lugar, um presente, etc.
Explicações para os exemplos desnecessárias, não?


quarta-feira, 12 de fevereiro de 2014

ERRO SUBJETIVO, ERRO OBJETIVO

Tomei consciência de uma distinção bastante importante: a de erro subjetivo versus erro objetivo. 
O primeiro acontece quando não se age de acordo com os dados de que se dispõe; o segundo, quando se age de acordo com os dados de que se dispõe, mas estes, os dados, estão incorretos, sem que se saiba disso.
O melhor exemplo para ilustrar o que digo é o de um tribunal: pode acontecer, e de fato já aconteceu, de se ter um réu cuja culpabilidade é apontada por inúmeras evidências, mas ele é inocente. Assim, sendo condenado, não se terá cometido um erro subjetivo, já que as evidências o culpam, mas se terá cometido um erro objetivo, já que ele é, de fato, inocente.
É isso.

sábado, 8 de fevereiro de 2014

OUTRIDADE?

Me deparei com uma outridade autêntica, escrevendo um conto. As personagens não são, realmente não são, e isso é novo, daí a ênfase, não são ecos da minha própria alma. Têm personalidade diferente de qualquer projeção que eu faça a partir da minha. Ou, ao menos, é o que penso no momento.
Mas o que queria dizer aqui, de fato, é que tomei consciência de que a busca pela outridade não é a única maneira de escrever, de criar seriamente. Projetar a partir de si mesmo pode ser, sim, uma forma de produzir literatura de qualidade, se essa for a sua forma autêntica, natural. Sim, natural: não convém contrariar a própria natureza, em nada.
Me despeço, assim, de uma fase, e de uma certa culpa.

sábado, 1 de fevereiro de 2014

CONSERVADORISMO DE MASSA

Só quem é cego não percebe que as pessoas, quando agindo em grupo, raramente tentam mudar abstrações tais como uma concepção hegemônica ou uma barreira moral. Em grupo, elas são conservadoras quase sempre. O que ocorre é que há setores da sociedade - isto é, grupos localizados - onde o espírito de liberdade é maior, e justamente esses setores convertem-se em vanguarda social, partindo deles mudanças que se espalham sub-repticiamente. Quando ocorrem passeatas e afins, já houve o espraiamento.