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domingo, 13 de fevereiro de 2011

O ALMOÇO

o almoço

a hora é calma, vazia,
mas a comida não é insossa;
lá fora estão esburacando a rua,
enquanto eu penso em mulheres nuas,
e como minha pêra doce,
antepasto excêntrico, como os dias
que preparam a morte...

estou só, e almoço,
numa cozinha tão despida de encantos,
e o instante a chamar-me à coerência,
a olhar somente à frente,
e esquecer passados prantos,
e superar os destroços
de minha indecifrável sorte...

mas este momento revela mais em si:
nele, materializa-se o inescapável,
a eterna lavra do quotidiano,
a religião sem nome do devir.

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