Passeio na Paulista
Pesquisar
segunda-feira, 29 de abril de 2013
PASSEIO NA PAULISTA
sexta-feira, 26 de abril de 2013
O NOME
Te procuro, vida,
em sonho, envolto em treva,
e quanto mais minha alma precisa,
mais é certo que tu não te entregas...
Quero teu beijo, vida,
quero o toque dos teus dedos,
mas, quanto mais anseio, e anseio,
menos tu te arriscas...
Teu beijo...
Como desespero! e meu olhar,
diante de tua imagem, sempre a mesma,
afasta tudo que não é sonhar...
Sim, teu beijo.
E tua pele junto à minha, despida:
é o que minha língua desenha,
quando diz teu nome:
calor que me consome,
doce e terna cantilena,
- eu disse "vida"?
Não é certo...
És bem mais que isso...
És, simplesmente... Samira.
em sonho, envolto em treva,
e quanto mais minha alma precisa,
mais é certo que tu não te entregas...
Quero teu beijo, vida,
quero o toque dos teus dedos,
mas, quanto mais anseio, e anseio,
menos tu te arriscas...
Teu beijo...
Como desespero! e meu olhar,
diante de tua imagem, sempre a mesma,
afasta tudo que não é sonhar...
Sim, teu beijo.
E tua pele junto à minha, despida:
é o que minha língua desenha,
quando diz teu nome:
calor que me consome,
doce e terna cantilena,
- eu disse "vida"?
Não é certo...
És bem mais que isso...
És, simplesmente... Samira.
quinta-feira, 25 de abril de 2013
REMINISCÊNCIAS
Olho a tua foto, e vem o tempo,
como voz distante, sussurros a viajar
até mim, a me trazer, nas asas de anjo,
a dúvida e o sofrimento: a forja.
Lembrar de ti é lembrar de mim,
há muitos e muitos sóis,
há inúmeros começos, e tão chorados fins...
Lembrar de mim é lembrar de ti,
hoje, e sempre, teu sorriso
desenha minha lágrima, e ela o muito que vivi...
Unidos,
como o céu e o mar em seu beijo azul,
vamos construindo nossa história,
e se ela aponta, sim, para o futuro,
traz, também, relíquias já bem velhas, de volta...
Relíquias de mal de amor...
Relíquias de um poeta, e de escrever: a sua dor.
como voz distante, sussurros a viajar
até mim, a me trazer, nas asas de anjo,
a dúvida e o sofrimento: a forja.
Lembrar de ti é lembrar de mim,
há muitos e muitos sóis,
há inúmeros começos, e tão chorados fins...
Lembrar de mim é lembrar de ti,
hoje, e sempre, teu sorriso
desenha minha lágrima, e ela o muito que vivi...
Unidos,
como o céu e o mar em seu beijo azul,
vamos construindo nossa história,
e se ela aponta, sim, para o futuro,
traz, também, relíquias já bem velhas, de volta...
Relíquias de mal de amor...
Relíquias de um poeta, e de escrever: a sua dor.
segunda-feira, 22 de abril de 2013
NIGHT HOUSE
Night
House
Ela deita de lado na cama, apoiando a cabeça no braço, e olha pra ele, esboçando um sorriso, e ele nota que ela é bonita, e depois nota na dobra da barriga dela um brilho de porra que vai secando, e de repente ele sente nojo, e olha em redor, e vê que as paredes são na verdade divisórias de escritório, e de todos os lados vem um barulho de corpos se batendo, e um cheiro de porra que não é só da dele, e o nojo cresce... Ele olha pra ela, e de repente ela é tão bonita, que sente desejo, e sente nojo, e sente raiva, e sente vontade de esmurrá-la... E depois... sente vontade de levá-la ao banheiro, e pedir que se lave, e pedir que vista uma roupa comum, e chamá-la pra ir lá fora comer um sanduíche, quem sabe uma pizza, quem sabe tomar um refrigerante... Ela o observa, parecendo analisá-lo – “Que foi, benzinho?”. Ele responde que nada. Ela diz – “Não esquece que você ainda não me comeu, hein?” – e passa a mão de leve lá embaixo – “Ainda nem tirei minha calcinha...” – e ele apenas a olha... E depois pergunta, a voz um tanto arranhada – “Por que você faz isso?”. Ela desvia o olhar, levantando um pouco as sobrancelhas, e depois baixando, e fazendo um beicinho, e suspirando – “É... não vai acontecer mais nada, não é?”. Ele baixa a cabeça, e lembra de momentos antes
sábado, 20 de abril de 2013
LUA NOVA
Me abraça, lua nova,
faz de meu ser uma festa,
com tua feminilidade agridoce,
com os teus roçares de pétala;
já não vejo tuas pegadas
na terra à minha volta,
já não tenho tuas cores
a me ditar a boa rota:
me abraça, então: é só o que importa...
Eu quis, um dia,
ser o louco da floresta,
cheio de visões,
todas mui belas,
mas sem serventia,
já que não se vive,
já que nada mais se espera...
Hoje, aqui,
ofereço essa sensaboria,
esse falso balançar das árvores,
em troca da certeza do vento,
em troca da certeza do mármore.
Saberei, sem ver,
que és tu à minha porta,
e então... nos abraçaremos,
e será isso, tudo o que importa.
UM POUCO DA MINHA HISTÓRIA...
O
primeiro gol
Me lembro...
eu completava oito anos, meu irmão seis, e comemorávamos juntos, numa única
festa. Vinham os coleguinhas do colégio, pai e mãe convidavam amigos, a
molecada podendo usar, abusar e lambuzar – o quintal, que a sala era lugar pra
adultos. Uma hora, chegava um vizinho, magro e bonachão – “Ôpa, quem tá fazendo
aniversário aí, que ouvi dizer?” – e trazendo embrulhos. Corríamos até ele, e
notávamos: um era redondo. Ele estendia os braços, este, o redondo, em minha
direção, o outro a meu irmão. Eu pegava, vendo de esguelha meu irmão rasgar o
papel de presente, e exibir satisfeito um caminhão cheio de cavalinhos de
plástico na carroceria. Eu – “Diacho... quê que eu vou fazer com isso?” –
pensava. – “Não vai desembrulhar não, meu filho?” – minha mãe perguntava, o
homem sorrindo amarelo, – “Ué, é uma bola, não é?” – eu respondia – “Vou botar
lá no quarto, amanhã eu desembrulho...” – e saía. Dias depois, trocava por um
estilingue, cum moleque da rua. É como era. Vivíamos numa cidadezinha lá do
interiorzão de Goiás, hoje centro do novíssimo estado do Tocantins, onde
permaneci até os dez anos, e onde minha vida era correr as ruas de terra batida
montado na Caloi Cross, e me enfurnar
em trilhas atrás de riachos e cachoeiras, e ir mergulhar da pedra da beira-rio,
um pequeno penhasco às margens do Tocantins. Futebol?... nada. Morava defronte
ao muro do estádio municipal – só um campão cercado de mato – e meu contato com
a bola se resumia a catá-la e atirá-la de volta quando vinha quicar em frente
de casa.
Nos mudamos
então pro Rio de Janeiro. Lá, invariavelmente, me via obrigado a jogar futebol
nas aulas de educação física. E tinha uma participação até que digna de menção:
me mandavam à defesa – “Fica aí. A bola aparecendo você chuta pra frente, pro
lado, pra onde o nariz apontar, só não chuta pra trás, entendeu?” – um mais
velho, dos que eram escolhidos pra escolher time, me dizia, e eu ali ficava, às
vezes não contendo um impulso e metendo a mão ou o braço na bola... Pênalti. E
xingos, saliva respingando na testa. Às vezes, o professor organizava
campeonatos, aos domingos. Eu acordava cedo, preparava um café reforçado, o pai
reparando – “Vai aonde, filho?” – “Pra escola. Vai ter um campeonato de
futebol.” – “Ah, bom!... muito bom. Faz muito bem em praticar um esporte, você
é um garoto muito quieto, introvertido... vai te fazer bem!” - É. Lá eu ia.
Separavam os times, jogos de camisa, árbitro e tudo. Prometia a mim mesmo que
me esforçaria. Começado o jogo, disputava, roubava a bola do adversário, e
disparava em carreira – “É só correr mais que todos...” – pensava. Mas no meio
do caminho, parava, olhando em volta – “Cansei...” – dizia, arfando. Um
companheiro gritava – “Tá louco?! olha a bola!” – “Ah, é!... a bola...” – já um
do outro time passava e a levava... No final, o capitão – “Bicho, você é muito
rúim! o maior pereba que eu já vi! quê que cê veio fazer aqui?”.
E
foi assim por todo o primeiro ano, até que... aconteceu: numa aula em que o
professor cismou de, invés de dividir a turma em vários times, fazer apenas
dois, bolão contra bolão. Separavam o pessoal, cada um se posicionando onde
quisesse. Olhei: a defesa vazia... – “Ali nunca ninguém quer... e é onde sempre
me colocam...” – murmurei – “Pois é pra lá mesmo que vou” – decidia, não sem
certo temor. Sabia que lá haveria cruzamentos, e que teria de interceptá-los
com a cabeça: eu tinha um medo terrível de cabecear, a bola doía, era dura, e
nunca acertava, pegava no nariz, na nuca, e quando pegava, que às vezes,
simplesmente passava... Mas neste dia, não: neste dia, qualquer coisa lá dentro
trepidava, queria mudar, queria chegar nos mais velhos olhando firme e dizer –
“Pereba é a mãe!”. Daria um basta, seria o Interceptador, saltaria olhando pra
bola, acompanhando seu movimento, e quando ela chegasse... Pumpf!... meteria a
cabeça, a espirrando pra fora, todos boquiabertos se perguntando – “Quem é
aquela muralha ali na defesa?”. Ia pra lá, encontrava o goleiro, dois ou três
outros zagueiros pernas-de-pau, e um carinha do outro time, já prostrado na
banheira antes mesmo do jogo começar. O goleiro me olhava contrariado – “Você
não é d’outro time não?”. Respondia que não, no que ele – “Sei... é, fazer o
quê...”. Rolava a bola. Logo no comecinho, um deles escapava pela direita e
descia
O que virá,
dirão alguns, não é algo decente, algo que devamos ensinar aos nossos filhos.
Não duvido. Entretanto, na vida, por vezes em número maior do que gostaríamos,
as coisas não acontecem como planejamos, e somos obrigados a adaptar. Se apenas
os fortes, e oportunistas, sobrevivem neste mundo, é algo que não sei. Sei que
ainda estou vivo. Enfim... o fato é que aquele jogo era um enorme embolado,
alguns de camiseta, outros sem, só se sabendo quem jogava contra quem entre os
bons. Os perebas... bom, esses compunham a massa disforme, destinada apenas a
completar o quadro. Assim, num piscar de constrangimento, de incapacidade de,
posto ao chão, dizer a verdade, a visão duma saída relampejou em minha mente –
“Não serei mais zagueiro: serei atacante!... é muito melhor, todos preferem ser
atacantes. Pelé era atacante, Zico também. Zico... tão me chamando de o pequeno Zico...”.
Quando
voltei ao chão, fui à minha pequena área, e mandei uma banana ao goleiro – “Se
ferrou! você tava certo: eu era d’outro time!” – e depois corri em direção ao
centro do campo. Era o maior, tinha feito um golaço. Um mais velho, dos que
eram escolhidos pra escolher time, me dava um tapa no ombro – “Tem futuro,
moleque!...”.
É.
Tive futuro por mais ou menos cinco minutos. Depois, o jogo continuou, e eu,
triste sina, voltei a ser um pereba. Nos dias seguintes, também não deixei de
estar entre os últimos escolhidos, o incidente do meu gol sendo logo esquecido.
Mas... algo tinha mudado. Eu agora sabia o que era o futebol. Tinha feito um
gol!... Só quem já fez compreende. Se as meninas não esquecem seu primeiro
sutiã, nós tampouco esquecemos nosso primeiro gol, ainda que... bom, ainda que
tenha sido contra. E isso... isso lá também teve suas conseqüências... Passei a
evitar me esbarrar com o goleiro pelos corredores da escola, me vendo agora no
meio duma situação estranha, complicada: sempre que começava a contar a
história do meu gol a um amigo, me entusiasmava, punha ênfase nos detalhes,
aumentava, orgulhoso de ter feito um golaço, mergulhando em peixinho, e ter
sido carregado dentro de campo; à noite, porém, relembrava, e o saber que eu
sabia, a consciência da mentira, me assombrava, corroía. Com o passar dos dias,
no entanto, ia descobrindo que as coisas da vida podiam ser descascadas,
espremidas, e podíamos mesmo viver delas só o suco, escondendo as cascas e o
bagaço. Pegava então meu gol, torcia, recortava, desbastava, imaginando em
seguida um alçapão, que abria, e despejava lá os restos de minhas cirurgias.
Mais tarde, muito mais tarde, esse alçapão pulsaria, abarrotado, esta uma outra
história. O fato é que, fosse eu convidado a escolher uma data, a fixar um dia
pro fim de minha infância, e o começo da adolescência, este talvez fosse o dia
em que fiz meu primeiro gol. Quem disse que futebol não é coisa séria?
quarta-feira, 17 de abril de 2013
MEU AMAR-TE
Sonhei que era só,
sonhei que era perdido:
cercado de brumas,
não estava contigo.
Enquanto o mar, ao longe,
dita canções ao monge,
eu, sem tua doce voz,
vou compondo um "nós",
sem saber ao certo
se teus sonhos de flor,
se teu pensar, teu universo,
abraçariam meu calor...
E meu calor é antigo...
Chegará o dia de perguntar,
chegará a vez de ouvir;
hoje, porém, ponho-me aqui,
como em cordel a falar
o que possa, sem nenhuma dúvida,
dar-te a imagem de minha ternura,
a mais bela de minhas artes:
o meu sincero amar-te...
Sonhei que era só,
chorando por um abrigo;
sonhei que era só,
então fui atendido:
Abriguei-me no amar-te,
Que é sempre, sempre comigo...
sonhei que era perdido:
cercado de brumas,
não estava contigo.
Enquanto o mar, ao longe,
dita canções ao monge,
eu, sem tua doce voz,
vou compondo um "nós",
sem saber ao certo
se teus sonhos de flor,
se teu pensar, teu universo,
abraçariam meu calor...
E meu calor é antigo...
Chegará o dia de perguntar,
chegará a vez de ouvir;
hoje, porém, ponho-me aqui,
como em cordel a falar
o que possa, sem nenhuma dúvida,
dar-te a imagem de minha ternura,
a mais bela de minhas artes:
o meu sincero amar-te...
Sonhei que era só,
chorando por um abrigo;
sonhei que era só,
então fui atendido:
Abriguei-me no amar-te,
Que é sempre, sempre comigo...
sábado, 13 de abril de 2013
NO VENTO...
Vai, minha alma,
no vento, sussurrando
versos d'água,
vai, e diz a todos,
irmãos e irmãs,
que o mundo-calabouço
já não dá o tom
à minha vida,
porque sei, então,
que por pouco
que possa meu braço,
ele sempre alcançará
o rosto cujo destino
é receber o seu afago,
e a semente a ser plantada,
e a terra, que se nunca diz
dos seus segredos de chão,
será sempre amiga
dum coração de camponês,
(ou quem sabe de leão),
mas coração de poeta,
e de afeições sinceras,
pequena coleção.
no vento, sussurrando
versos d'água,
vai, e diz a todos,
irmãos e irmãs,
que o mundo-calabouço
já não dá o tom
à minha vida,
porque sei, então,
que por pouco
que possa meu braço,
ele sempre alcançará
o rosto cujo destino
é receber o seu afago,
e a semente a ser plantada,
e a terra, que se nunca diz
dos seus segredos de chão,
será sempre amiga
dum coração de camponês,
(ou quem sabe de leão),
mas coração de poeta,
e de afeições sinceras,
pequena coleção.
PARA QUÊ?
Para que serve o amor?
Para tornar todas as tarefas cotidianas
um fardo incomensurável,
e então estarmos nós no sofá,
a tentar domar o nó nas entranhas,
a fabricar alguma vontade,
ao menos ver qualquer bobagem
na TV?
Para que serve, isso que nos acossa,
e sem dó nos apedreja?
Para nos transformar
numa barafunda de não-prioridades,
a bocejar o dia inteiro,
e à noite, com olhos de coruja,
desenhamos, dedos no ar,
no breu do quarto a silhueta amada,
compondo mil afagos
para com nosso corpo,
sedento de uma nudez
que sabe Deus quando, e se, virá?
Não.
Se o que se disse é verdade,
o amor, no entanto, não serve para isso.
O amor serve, apenas,
para que nossos amigos,
quando toparem conosco,
leiam em nossos olhos
que ainda não chegou a hora
de alimentar a terra;
para que sintam nosso aperto de mão
ainda firme, incisivo talvez;
e para que todos, sejam o que forem,
nos respeitem como alguém
que certamente não anda sobre a água,
mas cuja alma sabe bem o que é
voar.
Para tornar todas as tarefas cotidianas
um fardo incomensurável,
e então estarmos nós no sofá,
a tentar domar o nó nas entranhas,
a fabricar alguma vontade,
ao menos ver qualquer bobagem
na TV?
Para que serve, isso que nos acossa,
e sem dó nos apedreja?
Para nos transformar
numa barafunda de não-prioridades,
a bocejar o dia inteiro,
e à noite, com olhos de coruja,
desenhamos, dedos no ar,
no breu do quarto a silhueta amada,
compondo mil afagos
para com nosso corpo,
sedento de uma nudez
que sabe Deus quando, e se, virá?
Não.
Se o que se disse é verdade,
o amor, no entanto, não serve para isso.
O amor serve, apenas,
para que nossos amigos,
quando toparem conosco,
leiam em nossos olhos
que ainda não chegou a hora
de alimentar a terra;
para que sintam nosso aperto de mão
ainda firme, incisivo talvez;
e para que todos, sejam o que forem,
nos respeitem como alguém
que certamente não anda sobre a água,
mas cuja alma sabe bem o que é
voar.
LÁ FORA, A GAROA
Lá fora, a garoa:
saio para caminhar,
sinto o fresco do ar no meu rosto,
e os finíssimos pingos d'água
que me acariciam, suaves,
o coração exposto.
Um mal-estar que não me deixa,
a vontade de gritar o nome dela,
de sair correndo sem rumo,
de perguntar a cada transeunte
se acaso não a viu
nalguma janela?
se não a ouviu dizer algo de mim?
se não é verdade
que ela também anseia
por esse calor que me varre
todo ânimo, todo gosto,
que me despoja de mim mesmo,
para logo me trazer de volta
atado a mil receios?
Mas é preciso não sofrer...
Eu sei disso.
Tenho, guardado comigo,
o toque dos dedos,
e a súbita fraqueza da voz,
numa frase assim, tão simplória,
mas que revelava tanto, tanto...
toda desejo, e medo.
Tenho muito,
e é maravilhoso...
Tenho muito,
e é maravilhoso.
saio para caminhar,
sinto o fresco do ar no meu rosto,
e os finíssimos pingos d'água
que me acariciam, suaves,
o coração exposto.
Um mal-estar que não me deixa,
a vontade de gritar o nome dela,
de sair correndo sem rumo,
de perguntar a cada transeunte
se acaso não a viu
nalguma janela?
se não a ouviu dizer algo de mim?
se não é verdade
que ela também anseia
por esse calor que me varre
todo ânimo, todo gosto,
que me despoja de mim mesmo,
para logo me trazer de volta
atado a mil receios?
Mas é preciso não sofrer...
Eu sei disso.
Tenho, guardado comigo,
o toque dos dedos,
e a súbita fraqueza da voz,
numa frase assim, tão simplória,
mas que revelava tanto, tanto...
toda desejo, e medo.
Tenho muito,
e é maravilhoso...
Tenho muito,
e é maravilhoso.
quinta-feira, 11 de abril de 2013
PARA S.
Me dá tua mão
menina-moça, Mulher;
me dá teu sorriso
e teu olhar tristonho,
tão entregue,
que deles farei versos
de lua branca, como a tua pele,
de querer desesperado,
e de verde florescer,
em que me vejo, alegre...
Os dias seguem
e o ar vai faltando...
uma preguiça angustiada,
um alheamento
quando a casa é cheia,
e uma inquietude
quando é calma...
Meu pensamento te procura,
sempre, em tudo,
e chega a parecer um crime,
quando contigo não sonho...
Sim, um crime...
Me dá, então, tua mão,
para que juntos
penetremos o nevoeiro,
e convençamos os deuses do sono
de que somente
com teu corpo colado ao meu
podemos enfrentar
nosso humano abandono.
menina-moça, Mulher;
me dá teu sorriso
e teu olhar tristonho,
tão entregue,
que deles farei versos
de lua branca, como a tua pele,
de querer desesperado,
e de verde florescer,
em que me vejo, alegre...
Os dias seguem
e o ar vai faltando...
uma preguiça angustiada,
um alheamento
quando a casa é cheia,
e uma inquietude
quando é calma...
Meu pensamento te procura,
sempre, em tudo,
e chega a parecer um crime,
quando contigo não sonho...
Sim, um crime...
Me dá, então, tua mão,
para que juntos
penetremos o nevoeiro,
e convençamos os deuses do sono
de que somente
com teu corpo colado ao meu
podemos enfrentar
nosso humano abandono.
domingo, 7 de abril de 2013
BLACK NIGHT
Black night
Why do you never leave me?
Why are you always pacing my heart
And borrowing my sky?
Oh Black night
Could you listen to my thoughts
And forgive my foolish signs?
Black night
Your sorrow is all mine...
Black night
An ancient fear
Has turned into my only sight.
Oh Black night
Plunge into my eyes
And make my daily song a lie.
Why do you never leave me?
Why are you always pacing my heart
And borrowing my sky?
Oh Black night
Could you listen to my thoughts
And forgive my foolish signs?
Black night
Your sorrow is all mine...
Black night
An ancient fear
Has turned into my only sight.
Oh Black night
Plunge into my eyes
And make my daily song a lie.
TEXTOS PEQUENOS
Não tenho tido paciência de escrever textos "de fôlego".
Em compensação, os minúsculos (mini-contos, haikais) têm aparecido quase todo dia.
Ontem mesmo, escrevi meu mini-conto de número 200.
Será que dá para viver disso?
Em compensação, os minúsculos (mini-contos, haikais) têm aparecido quase todo dia.
Ontem mesmo, escrevi meu mini-conto de número 200.
Será que dá para viver disso?
quinta-feira, 4 de abril de 2013
UMA VERDADE INCÔMODA
Só sabe o valor de uma vida aquele que decidiu doar a própria em nome de algo que a ultrapassasse.
Assinar:
Postagens (Atom)