Lá fora, a garoa:
saio para caminhar,
sinto o fresco do ar no meu rosto,
e os finíssimos pingos d'água
que me acariciam, suaves,
o coração exposto.
Um mal-estar que não me deixa,
a vontade de gritar o nome dela,
de sair correndo sem rumo,
de perguntar a cada transeunte
se acaso não a viu
nalguma janela?
se não a ouviu dizer algo de mim?
se não é verdade
que ela também anseia
por esse calor que me varre
todo ânimo, todo gosto,
que me despoja de mim mesmo,
para logo me trazer de volta
atado a mil receios?
Mas é preciso não sofrer...
Eu sei disso.
Tenho, guardado comigo,
o toque dos dedos,
e a súbita fraqueza da voz,
numa frase assim, tão simplória,
mas que revelava tanto, tanto...
toda desejo, e medo.
Tenho muito,
e é maravilhoso...
Tenho muito,
e é maravilhoso.
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