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quarta-feira, 12 de outubro de 2011

MÚSICA E GOSTO

Será o "eu gosto" um derivado da passividade? Como se forma o nosso gosto musical?
Creio que é mais fácil começar respondendo à segunda pergunta: no meu caso, se formou em casa, ouvindo o que meus pais ouviam, e o que passava na TV. Claro que eu filtrava; só gostava mesmo do que se encaixava em algo muito sutil, muito subterrâneo, algo próprio da minha maneira de ser. Assim é que eu, aos seis anos, gostava de RPM, Menudo, Roberto Carlos, Verônica Sabino, Gonzaguinha, Trem da alegria, Balão Mágico, Fábio Jr., etc... Não creio que imitasse colegas de escola, vizinhos, ou os adultos a minha volta. Eles certamente me influenciavam, mas a palavra final era dada nos confins de minha psique. 
Quando começou a adolescência, sob o impacto do Rock in Rio II, me apaixonei pelo rock, e ao mesmo tempo cantava Leandro e Leonardo quando saía pra comprar pão. Um pouco mais tarde descobri que uma tribo excluía a outra, e então me filiei aos roqueiros, e passei a condenar sertanejos, pagodeiros, funkeiros, etc.  Esse foi o início de uma fase que durou bem uns quinze anos, fase na qual meu gosto se cercou de tabus: era possível gostar de rock e música erudita, porque tais estilos eram dignos de respeito, mas gostar de estilos mais comerciais, como o pop ou o sertanejo, era simplesmente proibido, e eu seguia essa linha fielmente. Não acho que me obrigasse: eu realmente só gostava daquilo que respeitava. 
Algo, no entanto, mudou. Hoje optei por uma sinceridade radical, e ela me levou de volta à infância, quando quem comandava eram os "monstros do id". Hoje respeito e gosto de tudo o que agrada à minha subconsciência, o que equivale a dizer que não sei o que me faz gostar ou não dessa ou daquela canção. Apenas gosto. E assim sou levado a reconhecer que aquela música que eu achava ridícula quando era adolescente (por exemplo, "Que pena", do Raça Negra), hoje canto com prazer.
Quanto à primeira pergunta, me parece que não, desde que você separe juízo crítico de um simples agradar-se; e é sempre possível pesquisar, guiando-se por puro senso estético, isto é, indo contra qualquer passividade...
Enfim... O mundo gira, e a gente muda. 
Devo mesmo ter tomado sopa de macarrão vencido, mas eles não me fizeram mal...

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