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sexta-feira, 6 de janeiro de 2012

A IMORTALIDADE, DO GENIAL MILAN KUNDERA

Terminei hoje, agora há pouco.
Um raciocínio simples: há, aproximadamente, 7 bilhões de pessoas na terra. Mas há um número bem mais reduzido de gestos possíveis de ser executados por essas pessoas. Logo elas se repetem. Tudo muito lógico. Mas... Kundera dá um salto, a partir daí: para seu narrador, são os gestos que se servem das pessoas, e não o contrário. De um gesto visto num clube nasce a heroína do romance, mas esse gesto, por assim dizer criador, não contém a chave do livro. A chave do livro é o gesto de escrever, de criar literatura. O romancista não se serve dele, é ele quem se serve do romancista. E o faz em nome de quê? Numa palavra: da imortalidade. A escrita, impulsionada pelo desejo de perpetuação que nosso self não pode tolher em si mesmo, serve-se dos escritores, para que assim a humanidade possa se ver num espelho que durará tanto quanto durar a linguagem.
Outro ponto: para alcançar a imortalidade, é preciso criar uma personagem de si-mesmo. Só as personagens duram; as pessoas passam, inexoravelmente.
Haveria ainda inúmeros pontos a assinalar acerca de A imortalidade, mas o caso é que ainda o estou digerindo.
Em todo caso, leia. Só se tem a ganhar.

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