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domingo, 29 de setembro de 2013

TIPOS DE AÇÃO

Queiramos ou não, existem basicamente dois tipos de ação: a aberta, e a fechada. Nesta última, vc procura um resultado que tem uma amplitude de derivações pequena. Explico: se castigo meu filho num dia específico, por uma causa específica, tenho, necessariamente, como objetivo ele não cometer mais o mesmo erro, e talvez generalizar e deixar de cometer outros erros, parecidos ou não. Esta é a ação fechada. Mas se procuro limitar minha ação educativa, com relação a meu filho, se deixo-o mais solto, é forçoso considerar que meu objetivo é mais amplo: posso querer que ele aprenda a administrar sua liberdade, que desenvolva sua personalidade de modo menos amarrado, etc., mas o que sou obrigado a admitir é que o resultado disso não está no horizonte. Não dá para estimar razoavelmente aonde ele irá. Esta é a ação aberta.
Pois bem. Escrevi aqui, há pouco tempo, que o escritor deveria procurar trazer entendimento, e não simplesmente tiranizar o mundo querendo vesti-lo com a roupa que ele, o escritor, "tricotou". Repetindo: o escritor não deve querer "mudar o mundo". É fácil objetar que qualquer interferência, seja declaradamente para mudar, seja para trazer entendimento, se for efetivada trará alguma mudança. Isto é inevitável. Sim: concordo. Mas se vc, escritor, buscar uma atitude aberta, isto é, com uma grande amplitude de derivações possíveis, vc estará num caminho mais saudável que o da atitude fechada, já que falamos de um público que, se tudo der certo, lerá o que vc escrever, ou seja: é um alvo de comportamento imprevisível. E quanto mais numeroso, mais imprevisível. Como a História nos mostra que os "grandes feitos" históricos acabam por engolir seus protagonistas e transformam-se na negação do que afirmavam de início, parece-me sábio... abrir o campo de ação, aumentar a amplitude, e deixar o mundo responder sendo mundo, o que ele, inevitavelmente, fará de qualquer jeito.    

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