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terça-feira, 29 de janeiro de 2013

O IMAGINÁRIO

Há quem pense que o artista é menos importante que o engenheiro. Na verdade, é um julgamento muito difundido. Mas, será ele arguto?
O engenheiro é um profissional do fazer, alguém que atende a demandas muito concretas da sociedade, o mais das vezes soluções para problemas práticos, e a respeito dos quais recai muito pouca dúvida relacionada a ser ou não importante o que se faz. É quase sempre muito clara a importância, a necessidade de uma solução. O artista, por sua vez, figura como um "fabricante de perfumes" junto ao grosso da sociedade, alguém supérfluo, só admirável em situações de tranquilidade, seja econômica, seja política.
Pois bem. Ocorre que o que o engenheiro executa, frequentemente, surge como resposta a uma aspiração que necessariamente se origina no imaginário, seja de um indivíduo, seja coletivo. Só parte das ações do engenheiro se origina na consciência, que é, supostamente, o terreno próprio desse profissional. Inúmeras ações dele vêm do imaginário, sobretudo o aspecto global delas.
O imaginário é o nosso respirar, é nosso pulmão. Nele vêm parar as significações, ainda que mínimas, de nossa realidade, e nele essas significações são trabalhadas, reelaboradas, gerando as classes de que nos servimos para conhecer o que nos cerca, e também - talvez principalmente - nossos sonhos, nossas fantasias, e muitos de nossos lenitivos para as dores que a existência nos impõe.
Ora, o artista é um ativista do imaginário, alguém que se incumbe de enriquecer, problematizar, estender, dinamizar o material do imaginário. O artista cria necessidades, e cria interpretações que atuam muito profundamente na psique dos indivíduos que travam contato com a arte dele, podendo levá-los a uma situação de paz interior e/ou clarividência para o agir, ou, algumas vezes, a uma situação de desespero, que pode mesmo culminar no suicídio.
Então cabe perguntar: será que o artista é mesmo tão desimportante assim?
  

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