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sábado, 13 de abril de 2013

PARA QUÊ?

Para que serve o amor?
Para tornar todas as tarefas cotidianas
um fardo incomensurável,
e então estarmos nós no sofá,
a tentar domar o nó nas entranhas,
a fabricar alguma vontade,
ao menos ver qualquer bobagem
na TV?

Para que serve, isso que nos acossa,
e sem dó nos apedreja?
Para nos transformar
numa barafunda de não-prioridades,
a bocejar o dia inteiro,
e à noite, com olhos de coruja,
desenhamos, dedos no ar,
no breu do quarto a silhueta amada,
compondo mil afagos
para com nosso corpo,
sedento de uma nudez
que sabe Deus quando, e se, virá?

Não.
Se o que se disse é verdade,
o amor, no entanto, não serve para isso.
O amor serve, apenas,
para que nossos amigos,
quando toparem conosco,
leiam em nossos olhos
que ainda não chegou a hora
de alimentar a terra;
para que sintam nosso aperto de mão
ainda firme, incisivo talvez;
e para que todos, sejam o que forem,
nos respeitem como alguém
que certamente não anda sobre a água,
mas cuja alma sabe bem o que é
voar.





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