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sábado, 15 de janeiro de 2011

Dr. Jivago

Enfim, consegui assistir a Dr. Jivago até o final (em três dias, é verdade...)! O filme que me provocava uma tristeza profunda quando eu era molecote - a cena, logo no começo, em que uma menina é abandonada numa passeata, era para mim especialmente difícil de suportar... - deixou-me, agora que tenho 33 anos, muita barba e uma calva, um tanto quanto descontente: é que não me pareceu um bom filme. Eu assisti à versão clássica mesmo, de 1965, com Omar Sharif etc., e o que vi foi, honestamente, algumas belas cenas (por exemplo, a da própria passeata, e do massacre que se seguiu) costuradas a muitos clichês (por exemplo, o idílio campestre que a família de Jivago encontra no início de sua estada em Varykno), e uma grande dose de melodrama. Creio, após alguma reflexão, que isso se deve ao contexto de produção: em 1965 o cinema ainda não havia atingido a maturidade que atingiu nos dias atuais, depois de obras-primas tais como Beleza americana, Mulholland drive, Magnólia etc. Eram, os anos sessenta, uma época de muita ingenuidade, e de choro fácil (obviamente, esta hipótese refere-se apenas ao cinema...). Talvez deva-se chamá-la a "Era do Kitsch". Não estamos mais nela, mas também temos nossos defeitos: a nossa poderia ser chamada, sem erro, de "Era da infantilidade", pois se, de um lado, temos as mencionadas obras-primas, de outro temos a todo ano lançamentos em quantidade gigantesca de pipocões infantilóides, direta ou indiretamente relacionados com os quadrinhos, entupidos de efeitos especiais, e sem muita preocupação com alguma Weltanschauung, e com a arte em grau elevado.
Lição a tirar: cada época tem suas cáries, seus cremes e fios dentais, e, infelizmente: os seus banguelas.

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